quinta-feira, 22 de julho de 2010

Europa: quantos dias em cada lugar?

Muito bacana esse post do turista profissional Ricardo Freire.

Copiei e colei do blog Viaje na Viagem.

Mapita do Via Michelin

"Não há dia em que não apareçam vááários pedidos para recomendar ou avalizar a quantidade de noites em cada escala dos itinerários europeus mais variados.

Infelizmente o blogueiro não tem condições de dedicar a cada viagem de leitor o tempo necessário para que seja adequadamente destrinchada. O espaço da caixa de comentários tampouco se presta a mesuras, salamaleques e relatórios detalhados, o que na maioria das vezes reduz o aconselhamento a uma penca de antipáticos imperativos, faça isso, corte aquilo, escolha entre, aumente, esqueça, nem pense em.

É evidente que eu não sou dono da verdade: o que dou é apenas a minha opinião. Pode ser que tenhamos incompatibilidades de estilos, e você faça uma viagem muito mais satisfatória seguindo a sua intuição.

À luz da minha experiência, e do que penso sobre viajar, aí vão minhas recomendações. Basta ler e aplicar — ou não! — ao seu roteiro.

Precisa mesmo tantas paradas assim?

Não se iluda quanto à aparente proximidade entre cidades. Qualquer deslocamento envolve mais tempo do que a gente imagina. Quando o deslocamento inclui mudança de hotel, gasta-se ainda mais tempo e energia. É preciso fechar as malas. Fazer check-out. Deslocar-se com malas à estação ou ao aeroporto. Ou enfrentar a saída da cidade, se estiver de carro. Na chegada à outra cidade, é preciso encontrar o caminho do hotel. Fazer check-in, ou pelo menos deixar as malas. Só depois de tudo isso é que dá para dizer que você chegou realmente.

Em termos: você chegou, mas boa parte da sua energia se perdeu pelo caminho. Viajar com a casa nas costas — nem que seja uma mala de quatro rodinhas — é estressante, e no final do processo você vai se sentir mais aliviado do que propriamente louco de vontade de sair por aí.

Por isso a primeira dica geral é: não considere o dia do deslocamento na sua conta de dias no lugar. O dia da chegada é para desestressar e fazer coisas descompromissadas, que não requeiram planejamento ou reserva. No dia da chegada, tudo é lucro. Encarando assim, a chegada é mais prazerosa.

Grandes capitais: procure ficar 4 dias inteiros. Paris e Londres? 6 ou 7, se puder

Lisboa, Madri, Barcelona (capital da Catalunha…), Roma, Berlim, Praga, Istambul — grandes capitais merecem pelo menos quatro dias inteiros. Quatro dias costumam ser suficientes tanto para os lerês principais quanto para os bundalelês essenciais. Ao fim da estada, você deixará a cidade com algum senso de localização, e sabendo mais do que sabia antes de chegar. (Quando você passa muito rápido, só tem tempo de confirmar a existência do que já estava careca de saber antes de sair de casa.)

Paris e Londres, pelo menos da primeira vez, precisam de mais tempo. Cinco ou seis dias. Idealmente, uma semana. Você não ficaria uma semana em Orlando? Pois então.

3 dias: ideal para cidades nem tão grandes assim

Amsterdã, Florença, Veneza, Sevilha, Porto, Budapeste, Munique, Viena são cidades que cabem confortavelmente em três dias inteiros.

Dá para ficar mais? Claro! Sempre haverá mais o que descobrir na cidade, ou passeios aos arredores.

Dá para ficar menos? Dá, ué. Mas a conta de 3 dá a você tempo para dormir, se perder, aproveitar a noite — atividades que tornam uma viagem mais divertida.

Evite ficar apenas uma noite

De vez em quando será inevitável dormir apenas uma noite em cidades que estejam no meio do caminho e/ou que se resumam a um monumento ou atração, sem mais nada de interesse. Ainda assim, procure não fazer uma seqüência de cidades de uma noite só, para não perpetuar a rotina fechar mala/check-out/viajar com a casa nas costas/achar hotel/check-in/se livrar da mala.

Sempre que o seu roteiro acusar a necessidade de uma seqüência de pernoites picadinhos, verifique se não é possível (1) montar base numa dessas cidades e fazer as outras no esquema bate-volta ou (2) roubar no jogo e visitar alguma delas como pit-stop sem pernoite. (Mais detalhes a seguir.)

A arte e a ciência do bate-volta

Apesar do inconveniente de (quase sempre) ir e voltar pelo mesmo caminho, o bate-volta é o meu modo favorito de visitar lugares que não valham o pernoite. Você sai do hotel sem precisar fechar conta nem arrastar mala, e quando chega ao destino do dia, é só sair passeando. Dá pra usar a ida para se preparar, relendo o guia (no trem ou no banco do passageiro do carro) e a volta para descansar. Você aproveita o dia com energia total, e de repente ainda tem gás para sair à noite na cidade-base.

Para dar certo, o importante é que a viagem dure uma hora, no máximo uma hora e meia. Mais do que isso fica cansativo — você provavelmente vai querer chegar de volta ao hotel e dormir direto.

O truque esperto do pit-stop

Visitar um lugar a caminho de outro é uma maneira interessante tanto de saciar o seu apetite de ticar lugares quanto de tornar divertido um trajeto longo e chato (Bruxelas ou Bruges entre Paris e Amsterdã; Dresden entre Berlim e Praga).

Também é um jeito inteligente de evitar um bate-volta, fazendo o caminho apenas num sentido (Córdoba entre Madri e Sevilha).

O raciocínio do pit-stop deve ser parecido com o de uma escala de cruzeiro. Você precisa ter em mente que não dá para ver e experimentar tudo. É preciso foco. Reduza, conscientemente, aquela cidade à sua principal atração e seu entorno.

O que torna o pit-stop atraente é a dinâmica de interromper a chatice de uma viagem longa por algumas horas de atividade intensa. Daí você usa a segunda parte da viagem para descansar (no trem ou no assento do passageiro). Provavelmente você vai chegar moído no seu destino final; mas, como eu disse lá em cima, o dia do deslocamento nunca conta, e no esquema pit-stop você não terá perdido esse dia.

Mas atenção: antes de programar um pit-stop, pesquise direitinho onde você vai deixar suas malas. Essa questão é fundamental. Estando de trem, google as palavras-chave “lockers” ou “left luggage” ou “luggage storage” junto com o nome da cidade (tente também com a palavra “station”). Estando de carro, deixe o carro sempre em estacionamento fechado e pago, com todas as malas, bolsas e sacolas no porta-malas, sem nada à mostra."

Ferramentas úteis

Para pesquisar horários de trem: bahn.de/international (use datas nos próximos 60 dias)

Para simular roteiros rodoviários: viamichelin.com

Para pesquisar horários de vôos: kayak.com, skyscanner.net (low-costs)

Posts básicos

A primeira viagem à Europa

Europa: avião, trem ou carro?

Trem na Europa: para quem tem medo de vulcão

Low-costs na Europa: modo de usar

Cuidado com a síndrome do overplanning

Índice da Europa no Viaje na Viagem

Nenhum comentário: