terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para entender o metrô de Nova York

Continuando as dicas sobre metrô vou reproduzir aqui uma postagem do blog Viaje na Viagem que achei muito útil:

Take the train!

Take the train!

Não é segredo que eu considero o metrô de Nova York pouco amistoso e bem mais difícil de usar por forasteiros do que o de qualquer outra cidade que eu tenha visitado. Até no metrô de Tóquio — eu disse Tóquio!!! — eu me senti mais à vontade (e errei menos) do que nas vezes em que usei o nova-iorquino.

Os moradores da cidade não concordam com isso. Na minha opinião, isso acontece porque eles têm o mapa do metrô na cabeça e planejam os deslocamentos com a mesma naturalidade com que a gente escolhe o caminho no trânsito.

A principal diferença entre o metrô de Nova York e todos os outros que eu já usei está no fato de NY não apresentar o formato de “teia” que caracteriza os metrôs de maior capilaridade. Em lugar disso, o subway nova-iorquino funciona como uma coleção de linhas de trem mais ou menos independentes, que eeeeventualmente se conectam. Tanto é assim, que “trem” e “metrô” são praticamente sinônimos no dialeto local.

Que vantagem Mary leva nesse sistema? Os nova-iorquinos não têm a mesma facilidade dos parisienses, londrinos, madrilenhos ou até dos toquiotas para entrar no metrô onde bem entenderem e saírem exatamente onde precisam — mas em compensação podem usar linhas mais retas e diretas, que não dão voltas nem fazem firulas, e por isso acabam poupando tempo. Normalmente o metrô é o meio de transporte mais rápido da cidade; a exceção está, estranhamente, nos deslocamentos curtos, porque nem sempre há uma linha direta daqui para ali pertinho (sobretudo no eixo leste-oeste).

No entanto, vale a pena não desistir ante as primeiras dificuldades. Dominar o metrô de Nova York é requisito fundamental para aproveitar melhor a cidade. Cada vez que eu vou eu aprendo mais um pouquinho. Daqui a umas dez temporadas talvez eu me sinta em casa…

Estude antes de usar

Em Paris ou Londres você pode se enfiar no primeiro buraco que aparecer na calçada e ter a certeza de que vai emergir na estação desejada. Uma vez lá embaixo, é só dar uma estudada no mapa das linhas e, em no máximo duas ou três baldeações, você chega pertíssimo do seu destino.

Estação da Rua 34? Qual delas?

Estação da Rua 34? Qual delas?

Em Nova York você não pode se jogar na primeira estação que aparecer. É preciso ter o itinerário definido ainda na superfície. Por exemplo: se você está nos arredores da rua 34, no lado oeste, vai ter que ver qual estação é mais interessante — se a estação da rua 34 esquina com 8a. Avenida, se a estação da rua 34 esquina com 7a. Avenida, ou se a estação da rua 34 esquina com Broadway. Apesar de se localizarem em três quarteirões contíguos, essas estações não são interconectadas. Na Europa haveria uma cidade subterrânea e esteiras interligando as três linhas; em Nova York, uma vaciladinha pode significar uma voltona.

Outra coisa importantíssima é certificar-se de que você está usando a entrada certa. Muitas estações têm entradas diferentes para cada sentido — Uptown (norte da ilha, Queens e Bronx) e Downtown (sul da ilha e Brooklyn). O sentido é anunciado tanto no buraco da estação quanto na porta da catraca. Se você passar a catraca no sentido errado e os dois lados da plataforma não tiverem nenhuma comunicação, ou você vai precisar pegar o trem na direção contrária até uma estação onde haja baldeações (e que por isso deve permitir que você circule e alcance o lado certo da plataforma), ou vai ter que sair e pagar outra passagem para entrar de novo pelo lado certo.

Qual vai pra onde

De metrô é melhor...

De metrô é melhor...

Clique aqui para ver o mapa completo e aqui para fazer o download do PDF.

O básico, que você vai ler em todos os manuais, é o seguinte: as linhas designadas por números têm traçados retos e se atêm a um dos lados da ilha.

As linhas 1, 2 e 3 rodam pelo lado oeste, saindo do South Ferry (terminal de embarque a Staten Island), mais adiante pegando a Sétima Avenida e, à altura do Central Park, enveredando pela parte final da Broadway. A linha 1 é a pinga-pinga, enquanto a 2 e a 3 param em menos estações. Turisticamente, estamos falando de Tribeca, Village, Meatpacking District, Times Square, Broadway e Lincoln Center (Columbus Circle).

As linhas 4, 5 e 6 trafegam pelo lado leste, saindo do Battery Park, pegando a Broadway no iniciozinho, entrando por Nolita e Lower East Side, continuando pela Park Avenue e, depois da Grand Central Station (rua 42), seguindo pela Lexington toda vida. A linha 6 é a pinga-pinga; a 4 e a 5 param em menos estações. Boas para Lower East Side, Bowery/Noho, Union Square, Grand Central Station e museus da Museum Mile (Metropolitan, Guggenheim, Whitney).

Já as linhas designadas por letras cruzam a ilha, e de vez em quando possibilitam baldeações.

As linhas A e C vêm do Brooklyn e já na ponta de baixo da ilha cruzam para o lado oeste. Sobem pela 8a. Avenida, e depois do Columbus Circle bordejam o lado oeste do Central Park, continuando para o norte. A linha A é expressa e serve para Brooklyn Bridge (High St.), Ground Zero, Tribeca, Village, Meatpacking, Penn Station, Rodoviária/Times Square, Columbus Circle e, lááááá onde o diabo perdeu as botas Prada, o museu Cloisters. Use a linha C para essas paradas (menos o Cloisters) e também para Soho, Broadway, Dakota e o Museu de História Natural.

A linha E tem início no Ground Zero e acompanha a A e a C pela 8a. Avenida (Soho, Village, Meatpacking, Chelsea, cercanias de Times Square e Broadway) até a rua 50, quando dá uma guinada para o leste, cruzando a ilha pela rua 53 (com uma parada na 5a. Avenida, na quadra do MoMA) e atravessando o rio para o Queens. O fim de linha é em Jamaica, onde está o aeroporto Kennedy (JFK).

As linhas B, D e F têm origem no Brooklyn e, a partir do Lower East Side, ganham a companhia da linha V (cor: laranja) Seguem então pela 6a. Avenida (Village, Empire State, Bryant Park, Rockefeller Center/Top of the Rock). A linha V cai fora logo na rua 53 (parando também na 5a. avenida junto ao MoMA), e a F, um pouco mais adiante, na rua 60. Mas a B e a D sobem pelo Columbus Circle e pelo lado oeste do Central Park; a D é expressa, mas a B pára no Dakota e no Museu de História Natural.

Finalmente, as linhas N, Q, R e W vêm do sul (três delas, do Brooklyn) e acompanham o leito enviesado da Broadway até a Times Square (rua 42), quando então sobem pela 7a. Avenida até o Central Park, indo para o leste (até Queens) pela rua 63. A linha Q é expressa e só serve para Soho (Canal St.), Times Square e Central Park South. As outras param ao longo da avenida, incluindo Washington Square e Herald Square.

Planeje seu dia com o mapa na mão

Pegue este mapinha

Use este

Melhor do que o mapa oficial do metrô é o mapinha do New York City Travel Advisory Bureau, que você consegue na recepção do seu hotel. Nele todas as estações aparecem com os números e letras das linhas que efetivamente param nelas. Uma boa estratégia é planejar seu itinerário do dia aproveitando o traçado das linhas.

Atenção às letras miúdas — e às graúdas também

Sopa de letronas

Sopa de letronas

Enquanto na Europa a programação visual procura se comunicar com seus usuários com economia de letrinhas e elegância de sinalização, o metrô de Nova York está o tempo todo gritando instruções em cartazes de todos os tipos e tamanhos postados no seu caminho.

De modo geral, as informações localizadas ao longo das plataformas se referem às linhas que passam por ali. As tabuletas postadas de maneira perpendicular aos trilhos se referem a outras plataformas.

Não há hierarquia de informações. Todas são gritadas da maneira mais explícita possível, New York style.

Além das tabuletonas, não deixe de ler os cartazinhos que aparecem na entrada de quase todas as estações — e que informam os horários em que haverá interrupção de serviço devido a obras. (Normalmente vêm junto as instruções de como proceder durante a interrupção de serviço.)

Agora a parte mais fácil: comprar

Bilhete único :-)

Bilhete único :-)

As maquininhas de venda de bilhetes são a antítese do metrô de Nova York: simples, modernas e intuitivas.

Tudo é touch-screen, como num caixa eletrônico Itaú.

Pressione “start”, escolha inglês ou espanhol e, em seguida, um MetroCard, que é um cartão magnético gratuito.

Você pode escolher entre “Pay-per-ride” e “Unlimited rides”.

Na alternativa “Pay-per-ride” você carrega um valor entre US$ 4 e US$ 80; a cada viagem seu cartão magnético vai ser debitado em US$ 2,25. Se seu crédito esgotar, basta passar numa maquininha e carregar com mais dólares. (Mas o buraquinho do cartão só abre depois que você aperta “Start” na tela.)

A alternativa “Unlimited rides” é boa para quem vai ficar uma semana na cidade ou vai andar MUITO de metrô. Custa US$ 27 e possibilita viagens ilimitadas por sete dias corridos.

Em ambos os casos, dá para pagar com dinheiro (troco máximo fornecido pela máquina: US$ 6) ou com cartão de crédito. Pegadinha para quem usar cartão: lá pelas tantas a máquina vai pedir o seu zip-code (o CEP americano). Ponha qualquer número de cinco dígitos; a informação só é checada em cartões emitidos nos Estados Unidos.

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