quarta-feira, 27 de maio de 2009

Prós x contras: dólar, euro, peso, real, travelers, cartão de crédito, saque internacional ou Visa Travel Money?

Fonte: Blog Viaje na Viagem

Por Ricardo Freire

Vai viajar para o exterior? Está na dúvida sobre que meio de pagamento usar lá fora?

Pois pode sair daqui com uma certeza: não há modalidade perfeita. Todas têm seus furos. Fazer câmbio significa necessariamente perder um pouquinho. A idéia é perder o menos possível.

(E não é só dinheiro, não. Também se pode perder muito tempo com câmbio. E tempo, em viagem ao exterior, não é só dinheiro — é moeda forte.)

Vamos aos prós e contras de cada meio de pagamento. No final, eu dou minha receitinha.

DÓLAR, EURO, LIBRA (e, vá lá, PESO)

Vantagens:

* Com a grana na mão, você não corre o risco de perder dinheiro com uma eventual desvalorização do real até o fim da sua viagem. (E o assunto morre ali: logo depois de efetuada a compra, você pára de pensar se fez um bom negócio ou não. Moeda forte é moeda forte, #prontocomprei.)

* Se você viajar para lugares onde a moeda é corrente, não vai precisar se preocupar em fazer câmbio. Hurra!

* Se sobrar, você pode guardar para a próxima. (E na próxima você vai se dar conta de que não existe dinheiro mais barato e bem-vindo do que dólar de gaveta!)

Desvantagens:

* A compra é feita na cotação “turismo” (dólar-turismo, euro-turismo), que é significativamente mais cara do que a cotação comercial (sexta passada, enquanto o dólar comercial estava 2,02, o turismo estava 2,15 — 6,4% mais alta); ou ainda no “paralelo”, que pode ser mais caro ainda.

* Se você viajar para lugares em que o dinheiro não seja moeda corrente (dólar no Peru, euro na Hungria), vai ter que procurar casa de câmbio e passar toda vez pelas mesmas dúvidas. Será que não consigo uma cotação melhor? Será que não estão me engambelando na comissão? (Quando você se dá conta, perdeu uma manhã por causa de tostões, e ainda ficou num mau humor do cão.)

* Andar com dinheiro vivo/guardar dinheiro vivo no hotel são fontes de preocupação constante. (Na Europa sobretudo o que não falta são mãos-leves.)

Precauções

* Antes de comprar peso argentino no Brasil, veja se a cotação vale a pena. Consulte o site Dólar Hoy.

Oportunidades

* Comprar dólar ou euro de amigo/conhecido é uma ótima: dá para estabelecer uma cotação intermediária entre os valores de compra (sempre baixos para o seu amigo) e venda (sempre altos para você), e todo mundo sai ganhando.

REAL

* Só vale mesmo na Argentina (e no Uruguai) — mas é preciso saber onde fazer câmbio, senão você vai perder dinheiro. O Banco Nación do aeroporto (funciona 24 horas, 365 dias) costumava ter uma ótima cotação, mas parece que não é mais tão garantido assim. Veja antes no Dólar Hoy, que é o oráculo da Sylvia e mostra em que bancos conseguir o melhor preço. Muitos dos bancos e corretoras com as cotações boas ficam na calle Sarmiento, no centro, e funcionam, claro, em horário bancário. As casas de câmbio comuns costumam ter cotações melhores enquanto os bancos estão abertos; fora do horário bancário e nos fins de semana, elas aproveitam a falta de concorrência para jogar o câmbio no chão.

* Em outros países você pode até achar quem compre real, mas a cotação sempre vai ser muito ruim.

TRAVELERS CHEQUES

Vantagens

* Se você perder ou for roubado, pode recuperar o valor não-usado.

* Você se garante contra desvalorizações e pode usar os cheques que sobrarem em viagens futuras.

Desvantagens

* A cotação é a do dólar-turismo.

* Perde-se MUITO tempo procurando um lugar para trocar os travelers com boa cotação e sem comissão.

Precaução

* Se você optar por esse meio, saia de casa com os endereços (devidamente google-mapeados) dos postos de troca; informe-se dos horários em que estão abertos; e programe as suas incursões cambiais como quem planeja visitas a museus. Caso contrário, prepare-se para sofrer. “Ih, tá acabando o dinheiro, precisamos trocar travelers” é o prenúncio de um dia conturbado, com programas cancelados.

SAQUES NO EXTERIOR

Vantagens:

* A conversão é feita por uma cotação muito próxima à taxa interbancária — ou seja, praticamente o dólar comercial.

* Vale para qualquer país do mundo que tenha caixas automáticos; você não precisa pensar se é melhor levar dólar ou euro para o Nepal ou a Indonésia.

* Caixas automáticos são muito mais numerosos do que casas de câmbio e não fecham nunca.

Desvantagens:

* E se der pau no meu cartão? Ou no sistema? É inevitável: cada operação dá um friozinho na barriga, por mais que as 35 anteriores tenham sido bem-sucedidas.

* Há taxas (por operação) e limites de saque (por operação e por período) que variam enormemente de banco para banco, de conta para conta e de rede para rede. Normalmente, quanto mais “especial” for a sua conta, mais você saca, e menos você paga. (Ainda assim, saiba que se a brincadeira toda custar até 5% do montante, você não perde dinheiro, por conta da diferença de cotações entre o dólar comercial e o dólar-turismo.)

Pegadinhas:

* Se o seu cartão não funcionar no caixa automático do banco X, tente no banco Y. Às vezes acontece de o seu cartão só ser válido numa rede específica.

* Se você fizer o seu saque com um cartão múltiplo de bandeira Visa, a conta vem na próxima fatura do seu cartão de crédito, pelo câmbio do dia do vencimento (se o dólar subir, você paga mais caro).

* Se você fizer o seu saque com um cartão múltiplo de bandeira MasterCard, o valor é debitado automaticamente da sua conta, pelo câmbio do dia (sem sustos na volta).

* Retire o máximo que der por operação, para diluir a taxa fixa de saque.

Precauções:

* Descubra o limite de saques do(s) seu(s) cartão(ões) no exterior — por operação e por período — antes de viajar, para saber o quanto vai dar para depender dele(s).

* Avise o seu gerente e o seu cartão sobre a sua viagem, para que o sistema não negue nenhuma operação por desconfiança.

CARTÃO DE CRÉDITO

Vantagens:

* Os valores são convertidos por uma taxa muito próxima à do dólar-comercial; a diferença compensa o IOF de 2,38%.

* A aceitação está cada vez maior.

* Segurança: se perder, pode conseguir reposição ainda durante a viagem.

Desvantagem:

* Se o real se desvalorizar entre o momento da compra e o vencimento da fatura, você perde dinheiro.

* Há limites de gastos; e o sistema pode bloquear o uso se suspeitar fraude.

Precauções:

* Informe-se antes de sair sobre o seu limite, e avise a operadora da sua viagem.

Oportunidade:

* Se o seu cartão rende milhas, é uma ótima oportunidade de transformar os seus gastos em futuras passagens grátis.

VISA TRAVEL MONEY

* É um cartão de débito internacional, que você carrega antes de viajar e pode recarregar durante a viagem, à distância. Serve para saques e compras. É uma espécie de sucedâneo eletrônico dos travelers cheques.

Vantagens:

* Você faz saques no exterior mesmo se a sua conta de banco não permitir; e pode fazer gastos “por cartão” mais elevados do que o limite do seu cartão de crédito (você determina o seu limite; basta depositar dinheiro na sua conta VTM).

* Ao esgotar o seu limite, você pode recarregar o seu cartão (depositar mais dinheiro na conta); basta ligar para o emissor e combinar o depósito, que é feito por DOC ou TED. 24 horas depois o dinheiro já está disponível para sacar ou fazer compras.

* Se você perder o cartão, ele é substituído rapidamente.

Desvantagens:

* A cotação usada é a do dólar-turismo.

* Há uma taxa de saque de US$ 2,50 por operação e, muitas vezes, uma outra taxa, da rede onde você está fazendo o saque. Há também um limite de saque por operação e por dia.

* Não dá para ligar para a central de atendimento por Speedy; e as (duas) vezes em que eu tentei usar o número “grátis” internacional os meus créditos no chip do celular se esvaíram em segundos. Para fazer o recarregamento sem ir à falência, é preciso achar um locutório que use telefones com teclas, e então ir a uma lanhouse para fazer o DOC.

Oportunidade:

* Se você, como eu, é fã do mix saques internacionais + cartão de crédito, o VTM é o melhor e mais seguro Plano B de que podemos dispor.

MINHA RECEITA:

A exemplo do que os analistas indicam aos investidores, o melhor é diversificar.

Eu acredito que os meios que fazem o meu dinheiro e o meu tempo renderem mais são os saques em caixa automático + gastos em cartão de crédito sempre que possível. Mas levo também um pouco de dinheiro vivo para as primeiras despesas, e desde a última viagem tenho um VTM para ser recarregado em emergências.

Esse é o mix que eu recomendo. Mas veja bem: como eu disse lá no começo do texto, não há meio (nem mix) perfeito. Dentro do seu estilo, da sua personalidade, dos seus limites no cartão e no banco você vai descobrir qual é o meio (ou o mix) que melhor se afina com a sua viagem. Aproveite as vantagens, fique ciente das desvantagens, e você vai se dar bem.


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