segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Trem na Europa: como proceder nas viagens?


Passagens de trem não vêm com manual de instruções. Nas primeiras vezes você vai se sentir um pouco perdido – mas, assim que pegar o jeitinho, vai entender que não existe jeito mais civilizado de se locomover. Siga este passo-a-passo.

1. Viaje sempre com assento reservado. Uma reserva de lugar garante não apenas que você vai viajar sentado, como também que o vagão onde você está vai até o destino onde você vai desembarcar. (Alguns vagões param antes; outros se ligam a novos trens sem que a gente perceba.) Passagens compradas pela internet normalmente já vêm com assento reservado.Se você precisar imprimir bilhetes já reservados em máquinas ou nos guichês, passe na estação na véspera da viagem -- na hora esses procedimentos podem tomar mais tempo do que você esperava.

Caso você tenha um passe, vá a qualquer guichê da estação para fazer a sua reserva de lugar (se possível, com 72 horas de antecedência; custa de 3 a 18 euros, e é obrigatória na maioria dos trens rápidos e internacionais). Em algumas linhas regionais, porém, os assentos não são marcados; antes de subir, veja na placa ao lado da porta de embarque se o vagão segue até o seu destino.

2. Pegue leve na bagagem. Uma das vantagens das estações de trem é que elas estão bem servidas pelo metrô -- e é impossível que você não precise subir alguma escada no caminho. Na estação não há despacho de bagagem: você mesmo carrega suas malas até o trem e sobe com elas no vagão. Se a mala for pequena ou, no máximo, média, vai caber na prateleira acima dos assentos (mas se estiver muito pesada você pode acabar com a sua coluna levantando e descendo a mala). Malas grandes precisam ser deixadas nos racks existentes nas entradas dos vagões. Se não quer passar a viagem inteira preocupado com algum gatuno roubando a sua bagagem, compre um cadeado de bicicleta para amarrar a sua mala à grade do rack. Se o trem estiver vazio, você pode deixar sua mala no vão de algum assento vago -- mas esteja ciente de que o trem pode encher a qualquer estação e você vai precisar achar um lugar para a sua mala. Por isso, quanto menos bagagem – e quanto mais leve – melhor.

3. Chegue meia hora antes para achar sua plataforma. Nas grandes estações há sempre um painelzão tipo de aeroporto que informa todas as partidas, e de quais plataformas. Nas estações pequenas, porém, você vai precisar consultar um cartaz impresso de partidas e chegadas que fica exposto em vitrines em vários pontos da estação (inclusive nas plataformas). Existem cartazes referentes aos dias úteis, aos sábados e aos domingos -- não vá confundir.

A rigor, pode-se subir no trem até segundos antes da partida. A exceção fica por conta do Eurostar (que liga Bruxelas e Paris à Inglaterra) e dos trens rápidos espanhóis, que têm check-in e controle de raio-x. Nesses recomenda-se chegar com folga (leitores que fizeram essa viagem sugerem mais de uma hora de antecedência para o Eurostar)..

Nos outros trens, não há formalidades de embarque. Mesmo assim, chegue meia hora mais cedo – é sempre bom ter tempo para achar a sua plataforma com calma. (Nas primeiras viagens, é bom até dar uma passadinha na véspera na estação, só para se familiarizar.) Quando o seu trem chegar, procure subir direto no vagão onde está o seu assento (o número do seu vagão vem escrito na sua passagem, sempre que você reserva assento). Na correria, contudo, vale subir em qualquer vagão; todos são interconectados, e você pode encontrar o seu depois de embarcar.


(Atenção: na França e na Itália é preciso validar o bilhete antes de subir no trem -- use qualquer maquininha na cabeceira da plataforma.)

4. Tenha sua passagem à mão. Com raras exceções, você só vai precisar mostrar sua passagem bem depois de o trem partir, quando passar o inspetor. E ele sempre passa – mais de uma vez por viagem. Se houver algum problema, é preciso pagar a passagem (e a multa) na hora.

5. Atenção máxima nas baldeações. É o momento mais difícil para novatos: às vezes você tem menos do que cinco minutos para achar a plataforma do trem seguinte. Pegue leve na bagagem (já falei nisso antges, não?) e esteja pronto para desembarcar no momento em que a porta do trem abrir.

6. Aceita um conselho? Evite trens noturnos. Pela minha experiência, dormir em trem é muito mais difícil do que dormir em ônibus. O trem chacoalha, faz barulho, e a cada parada sobe e desce gente. Suas malas passam a noite longe de você, mas à vista de qualquer um que entre ou saia do trem (durma com uma preocupação dessas). Viajar numa couchette (beliche) custa entre 20 e 30 euros extras – o mesmo que dormir num albergue (mas num albergue pelo menos dá para tomar banho...). Você chega amassado e maldormido, e muitas vezes, cedo demais. No pior dos cenários, ainda vai estar escuro e frio, e quase tudo fora da estação vai estar fechado. Para piorar, o seu quarto (e o seu banho!) pode estar disponível só depois do almoço. Ninguém merece. Se você optou pelo trem noturno para ganhar tempo, vá de avião. Se foi por economia, então seja econômico de verdade: vá de ônibus noturno.

Baseado no capítulo 36 do livro 100 dicas para viajar melhor.

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