terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Copa do mundo 2010

Super dica do Ricardo Freire, autor do blog Viaje na Viagem

Cidade do Cabo: a torcida fica metade do tempo aqui; o Brasil só vem jogar no dia 29 de junho ou 6 de julho

Cidade do Cabo: o Brasil joga aqui em 29 de junho ou 6 de julho

A Copa do torcedor todo mundo sabe como é: ansiedade, sofrimento, paixão e, se tudo der certo, festa. Quem viaja para ver a Copa ao vivo, porém, não é um torcedor comum. O investimento é muito alto. Mesmo que acabe não fazendo toda a festa que espera, o torcedor-viajante quer saber como vai aproveitar turisticamente a sua estada.

INDEPENDÊNCIA OU PACOTE?
A Copa da Alemanha foi a melhor dos últimos tempos para o turista independente. Havia um passe ilimitado de trem pela duração do campeonato, uma rede complementar de hospedagem em casas particulares e festas em todas as cidades-sede para os sem-ingresso.

Nada disso vale para a África do Sul. Por causa da extensão do país, a maior parte dos deslocamentos vai precisar ser feita de avião. A rede hoteleira estará absorvida pelos visitantes, digamos, oficiais. Os ingressos para os jogos do Brasil já estão esgotados; a maioria foi atrelada aos pacotes vendidos pelas operadoras oficiais brasileiras. Mesmo se você quiser ir à África do Sul para fazer turismo e descolar algum ingresso no câmbio negro, vai enfrentar preços altos e dificuldade de deslocamento. Em resumo: procure uma agência de viagens.

QUARTÉIS-GENERAIS
A estratégia das operadoras brazucas para 2010 é parecida com a que deu certo na Copa de 2006. Na Alemanha, a torcida oficial brasileira ficou hospedada numa cidade onde o Brasil não jogou nenhuma vez sequer: Colônia. A escolha foi feita devido à posição geográfica — e ao fato da cidade ser bem mais animada que Frankfurt, que talvez fosse a escolha logística ideal. De Colônia a torcida ia em vagões fretados de trem às cidades dos jogos, nos dias das partidas.

Na África do Sul, os QGs brasileiros serão dois: a Cidade do Cabo, onde os oceanos Atlântico e Índico se encontram, e Durban, na costa leste. Desses dois pontos a torcida fará viagens bate-volta aos locais dos jogos. Serão vôos fretados, em aviões já contratados, que ficarão à disposição do pool brasileiro durante toda a duração do campeonato.

Os pacotes de dois jogos prevêem hospedagem ou na Cidade do Cabo ou em Durban. A partir de três jogos, porém, a hospedagem é dividida igualmente entre as duas cidades.

Apesar de ser apontada nos bastidores como barbada para sediar a Seleção (o que acabou se confirmando no sorteio), Johannesburgo foi descartada de cara pelo pool, por ser perigosa e pouco atraente. “Combinando Cidade do Cabo com Durban, o brasileiro terá a experiência mais completa da África do Sul”, argumenta Douglas de Presto, diretor de Copa do Mundo da operadora Stella Barros.

Eu concordo. Na Cidade do Cabo o torcedor verá uma África do Sul européia e sofisticada. Aproveite a estada para visitar o bairro malaio de Bo Kaap, o Cabo da Boa Esperança e a região de vinhedos de Stellenbosch e Franschhoek. Vai estar muito frio para pegar praia, mas você vai fotografar pingüins em Boulders Beach.

Durban, ao contrário, tem invernos bem agradáveis: vai dar até para entrar no mar. Os hotéis ficam em Umhlanga (diga: “Umjanga”), um bairro praiano chique. A cidade abriga a maior população de origem indiana do país, mas a verdadeira África está ao lado. Você pode visitar um protótipo de aldeia zulu e fazer um safári: o parque de Hluhluwe fica a três horas de carro e permite avistar os famosos e cobiçados “cinco grandes”: elefante, rinoceronte, búfalo, leão e leopardo.

ANTES E DEPOIS
É possível programar pequenas viagens entre os jogos, mas não há compensação pelas noites não dormidas nas bases. O melhor é programar esticadas antes ou depois da Copa. As paisagens desérticas da Namíbia, as Cataratas de Victoria e as praias paradisíacas de Moçambique, de Maurício e das Ilhas Seychelles estão a vôos curtos de distância (quer dizer: as Seychelles, nem tão curtos assim).

QUANTO CUSTA
Os pacotes começam em US$ 9 mil (para dois jogos) e vão até US$ 23 mil (a Copa inteira). Os ingressos são cobrados à parte (custam entre US$ 80 e US$ 400) e são vendidos pelas operadoras oficiais: Agaxtur, Ambiental, Marsans, Pallas, Stella Barros, TAM Viagens e nas agências de viagens.

POR CONTA PRÓPRIA (ESPECIAL PARA O BLOG)
Como eu disse no início deste texto, não acho uma idéia sensata ir para a Copa da África do Sul sem ingresso na mão e apoio logístico. No pior nos cenários, você pode gastar uma grana federal e dar com os burros n’água, vendo a Copa pela TV e ficando em hotéis onde Judas perdeu as botas pagando diária de cinco estrelas.

Quais são as chances de uma aventura independente dar certo? Bom. Em primeiro lugar você precisa torcer para surgir um mercado secundário confiável de ingressos para os jogos do Brasil. A fonte mais segura seriam os ingressos corporativos, distribuídos aos patrocinadores, e que nem sempre acabam utilizados — sobretudo num evento num país distante. Comprar pela internet parece arriscado. Há muitas empresas que se oferecem para achar ingressos, como a World Ticket Shop — mas basta dar uma googladinha para ficar arrepiado com o que tem de gente reclamando de trambique.

Ainda dá para reservar vôos por preços não-extorsivos. O site metabuscador de vôos na África do Sul é o SA Flights, que traz também os vôos das cias. low-cost sul-africanas. Como o Brasil só vai jogar em cidades grandes (Johannesburgo, Durban, Cidade do Cabo — talvez em Port Elizabeth), o bicho da logística não é tão feio assim. (Mas quando você adiciona viagens de turismo entre um jogo e outro, a coisa complica.)

No quesito hospedagem a situação é crítica. A grande hotelaria está toda bloqueada, e a única chance do torcedor independente é a Copa da África do Sul se tornar uma espécie de Réveillon do Milênio: as operadoras do mundo inteiro micarem com os pacotes e os quartos serem revertidos ao mercado. Se isso acontecer, porém, vai ser mais perto da Copa. Alguém aí se arrisca a comprar passagem sem ter hotel garantido?

Há lugares disponíveis nos meios alternativos de hospedagem — pequenos hotéis, pousadas, bed & breakfasts, albergues, casas para alugar. Você pode pesquisar em sites como roomsforafrica.com, wheretostay.co.za e safarinow.com. Os preços também estão inflados: são comuns apartamentos de pousadas a 400 dólares. (No Booking eu achei uma cama em dormitório de albergue a 100 dólares.) Muito cuidado com a localização. Todos os sites estão alargando as sedes da Copa para englobar subúrbios e arredores nem tão próximos assim. Johannesburgo, particularmente, oferece um emaranhado de alternativas que eu não ousaria destrinchar sem a ajuda de alguém que conhecesse bem a cidade. Ao pesquisar “hotéis próximos ao Soccer City Stadium”, tenha em mente de que este é o estádio de Johannesburgo que fica próximo a Soweto.

A TABELA DO BRASIL
Para você se orientar, esses são os dias e locais dos jogos do Brasil:

Primeira fase
15/junho – Johannesburgo (Coréia do Sul)
20/junho – Johannesburgo (Costa do Marfim)
24/junho – Durban (Portugal)

Se o Brasil ficar em primeiro lugar no grupo:
28/junho – Johannesburgo
2/julho – Port Elizabeth
6/julho – Cidade do Cabo
11/julho – Johannesburgo

Se o Brasil ficar em segundo lugar no grupo:
29/junho – Cidade do Cabo
3/julho – Johannesburgo
7/julho – Durban
11/julho – Johannesburgo

Para fazer seus cálculos: 1 dólar vale 7,50 rands; 1 real vale 4,25 rands.

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